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Até onde os sonhos podem nos curar

O filme Terra dos Sonhos explora a fuga da realidade que caracteriza os sonhos. Eles seriam uma forma de buscar mudanças que o mundo real não permite. Longa mostra uma órfã que cura sua dor sonhando.

Djair Galvão
jul 20, 2023
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O porco “Porco”, a garota Nemo e Flip em cena do filme/Netflix/Divulgação

Nem todo mundo se recorda dos sonhos que tem. Tem gente que diz “nunca sonha”. Afinal, eles podem ser incômodos, estranhos, nos levar por lugares imaginários, profundos e mexer com sentimentos, desejos ou, em algumas situações, nos colocar em ‘contato’ com parentes, amigos ou conhecidos que já morreram. É um mundo completamente alheio ao nosso controle no campo racional. Tudo isso e muito mais é fruto de estudos da Psicanálise e outras ciências, notadamente aquelas identificadas com as linhas freudianas. Quase sempre, levam a uma busca por cura de feridas existenciais ou comportamentais diversas.

E o cinema entra nessa seara de tempos em tempos. Esse é o caso do filme Terra dos Sonhos (Netflix, 2022), que se propôs a extrapolar o universo onírico puramente divertido ao nos apresentar uma órfã (Nemo, vivida pela atriz Marlow Barkley) que descobre nos sonhos o único caminho para tentar superar a perda do pai. A cada vez que fecha os olhos, ela se junta a uma criatura vivida pelo grandalhão Flip (Jason Momoa) e sai em busca do seu “sonho” - uma pérola que existe apenas nas profundezas do Mundo dos Pesadelos e que a levará de volta ao contato com o pai morto. Quem nunca sonhou com a volta a um passado marcante e feliz?

Ambientado e filmado no Canadá, Terra dos Sonhos é uma adaptação de uma HQ e tem como linha de roteiro a exploração de absurdos que somente os sonhos podem propiciar. E a vida dela (Nemo) não é nada fácil: o outro lado tem monstros, riscos permanentes, lutas sem fim, paisagens de meter medo em qualquer um e desafios muito além das suas capacidades, da sua idade e do seu próprio corpo. Tudo isso se desenrola enquanto a garota foge da vida chata e sem perspectiva que passa a ter com um tio distante, com quem é obrigada a morar após o naufrágio que tirou a vida do seu pai.

Nemo, no entanto, se sente desafiada a encarar tudo aquilo que o mundo dos sonhos traz de novidades, independente do que pode vir a acontecer. A parceria com Flip, de cuja existência seu pai falava em história fabulosas contadas para niná-la em noites e noites na ilha onde viviam, se mistura às revelações sobre quem seria aquela figura estranha e espalhafatosa vivida por Momoa. Eles se tornam parceiros em fugas mirabolantes, lutam contra uma espécie de “polícia dos sonhos”, adentram instalações fantasiosas e vivem muita coisa que qualquer um de nós já viveu em estado de sono profundo, claro, guardadas as devidas proporções e realidades. Isso fica claro desde o início: o sonho é sempre uma fuga do real - queiramos ou não, achemos bom ou não. Nos assustemos ou não. Ninguém controla a mente na hora em que adormece.

A dupla Nemo-Flip só existe naquele mundo. E isso os faz extraordinários, cúmplices e muito ligados. Por isso ela anseia tanto pelo momento em que adormece. O segredo do filme é esse: falar de uma cura que podemos conseguir fora do nosso “eu cotidiano”, com tantos dissabores da realidade. Pode ser que isso aconteça, pode ser que seja um problema a mais quando retornamos à realidade.

Mas isso é problema para a Psicanálise. Para isso existem os profissionais da área. De resto, estamos aí para viver. E sonhar faz parte da vida. Ou não?

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