'Distorções democráticas' e outras crises
Da 'cadeirada' de candidato a prefeito em oponente durante debate na TV, passando pelo desvio de função de GCMs até chegar nos desdobramentos da recente crise climática no país. Um resumo na sua mão.
Debate inexistente e cadeirada
Que o sistema democrático passa por sucessivas crises mundo afora, ninguém discute. Busca-se entender melhor as razões, que poderiam envolver interferência das redes sociais, desilusão com a cidadania, crises, desemprego, empobrecimento e violência, elementos que enfraqueceriam a crença na representatividade formal. Esse processo coincide com ascensão de um extremismo de direita marcado por discursos de xenofobia, racismo, violência, armamentismo e postura altamente hidrofóbica.
Noves fora, chegamos na disputa municipal em SP ao cúmulo de um candidato atirar uma cadeira contra o adversário, após sucessivas provocações deste durante debate transmitido pela TV Cultura. Um retrato acabado do fim desse formato, outrora um espaço onde cada grupo político se enfrentava de forma dura, mas dentro de um certo ambiente de civilidade - se é que a política ainda poderia ser vista como um efetivo canal de civismo nos tempos contemporâneos. Baixa audiência e pouca efetividade dos debates piora com o nível de certas candidaturas, dispostas a tudo para disputar a atenção dos eleitores.
Praticamente nenhuma discussão sobre temas concretos para vida das cidades e dos seus moradores. Isso se repete em qualquer cidade média ou grande do Brasil. Virou mera briga de rua, ataques pessoais e achincalhe.
Em suma, seria melhor economizar o tempo do cidadão e da cidadã. A campanha migrou para as redes e repete esse padrão nas ruas. Ou seja, os episódios de violência nos debates mostram que esta saiu das redes para a vida real. Ninguém merece!
Desvio de finalidade
Um tema de relevância para populações de centros urbanos brasileiros que dispõem de Guardas Civis Metropolitanas (GCMs) mereceu destaque da agência de jornalismo investigativo Ponte Jornalismo, especializada em questões da área de segurança pública e direitos humanos. Trata-se da “conversão” das GCMs em “polícias municipais”, contrariando a legislação e distorcendo seu efetivo uso como guardas patrimoniais (leia aqui a matéria da Ponte). Um caso sério a se pensar.
Incêndios, crimes e seca
A semana que passou foi dominada no Brasil e em parte da América Latina por inúmeros episódios de fogo, queimadas, incêndios criminosos e perda de parte de importantes biomas, simultaneamente. Prejuízos, morte de animais e empobrecimento de solos - num momento em que se vive seca em toda a região. Estamos vivendo essas consequências com a péssima qualidade do ar, mesmo com a queda momentânea das temperaturas no Centro-Sul do país.
Para piorar, grande parte dos incêndios tem natureza criminosa, segundo investigações preliminares conduzidas pela Polícia Federal e por polícias estaduais.
A seguir, destaco algumas matérias publicadas por diversos veículos de mídia que mostram o desenrolar dessa questão no Brasil:
QUEIMADAS E AGRO (Agência Pública) - 81% das queimadas em área de plantação e pastagem.
INCÊNDIOS EM BRASÍLIA (Portal UOL) - PF abre inquéritos para investigar incêndios em Brasília.
QUEIMADAS EM PIRACICABA (Portal G1) - 2,1 mil hectares de áreas de cultivo queimadas em Piracicaba em 3 semanas.
NASA E OS INCÊNDIOS NO BRASIL (CNN Brasil) - Nasa flagra imagens de fumaça de incêndios sobre o Brasil.
Bom, assunto é o que não falta. Vez por outra, prometo, farei esse resumo semanal com alguns comentários para leitores e leitoras aqui no Substack.
Abraços e boa semana!