Do baú: os orçamentos da Capital e do Estado de SP 20 anos atrás
Recupero uma das histórias do tempo em que criei e editei um jornal de bairro na Zona Leste de SP. Somados, bairros tinham população superior a 1 milhão de habitantes. Recortes do "Jornal Página 1".
Fotografia da capa do “Jornal Página 1”(outubro de 2004)/AcervoPessoal
Arrumando papéis e coisas em casa, acabei recuperando uma história do tempo em que criei, editei e dirigi um jornal de bairro na Zona Leste de SP (capa acima, da edição das eleições de 2004). Destaquei no “Jornal Página 1” a projeção dos orçamentos da Prefeitura de SP e do governo estadual para o ano de 2005. Os números hoje são completamente diferentes de outrora.
De R$ 15 bilhões para R$ 119 bilhões
O foco da edição que circulou durante as eleições estaduais e municipais de 2004 (reprodução acima) era a previsão orçamentária para o ano seguinte. Para 2005, a Capital projetava gastar “ínfimos” R$ 15 bilhões ((hoje são cerca de R$ 112 bilhões). Para 2025, próximo prefeito terá nos cofres algo em torno de R$ 119 bilhões. Já o governo de SP tinha meta orçamentária de R$ 70 bilhões em 2005 e em 2024 conta com R$ 328 bilhões no orçamento.
De 40 milhões para 46 milhões de pessoas em SP
Exatos 20 anos atrás, obviamente, as máquinas do Estado e Prefeitura de SP eram outras. A Capital tinha cerca de 10,7 milhões de habitantes e hoje passa de 12 milhões, enquanto o Estado de SP já havia atingido a marca de 40 milhões de pessoas (hoje tem quase 46 milhões).
Orçamentos de quase R$ 500 bilhões (2025)
Se fôssemos atualizar, a capital paulista e o governo estadual terão orçamentos gigantescos para 2025, comparando com número de 20 anos atrás: o Município e o Estado, juntos, terão orçamentos perto dos R$ 500 bilhões ano que vem (algo em torno de R$ 491 bilhões. O Estado projeta R$ 372 bilhões.
Quem era quem na política em 2004
Só pra recordar, a atual vice na chapa de Guilherme Boulos (Marta Suplicy) perdeu a campanha de reeleição em 2004 pra José Serra (PSDB). E o atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), saiu de um mandato iniciado com a morte de Mário Covas (2001) para a reeleição em 2004. O PSDB praticamente “desapareceu” tempos depois, principalmente com as sucessivas vitórias do PT no governo federal (2002, 2006, 2010 e 2014), ainda mais após a subida de Temer (2015/2018) e Bolsonaro ao poder (2019/2022).
Trampolim do Estado para disputas presidenciais
O longo reinado dos “tucanos” em SP - como eram chamados os integrantes do PSDB - foi praticante um trampolim eleitoral pra Geraldo Alckmin e José Serra (atual senador por SP). Alckmin deixou o Estado pra disputar a presidência em (perdeu pra Lula em 2006). Serra abandonou a prefeitura de SP para ganhar o Estado em 2008, cargo que deixou pra disputar (e perder) em 2010 pra Dilma Roussef - que atualmente preside o Novo Bando de Desenvolvimento (o Banco Brics, com sede na China).
Capa do jornal em agosto de 2003
Capa do “Jornal Página 1” de agosto de 2003/Acervo Pessoal
O “Jornal Página 1” circulou de 1997 a 2005 numa região da Zona Leste de SP com bairros que somavam mais de 1 milhão de habitantes. A publicação - de distribuição gratuita - era editada desde o primeiro número em formato tabloide (berliner), seguindo o então padrão europeu que hoje a Folha e o “Estadão” adotam. Ou seja, eu já tinha uma visão, sem modéstia, que estava 20 anos adiantada em relação aos dois principais jornais do Estado de SP. Pelo menos no formato escolhido.
O resto é história.