Raul Seixas foi concebido no espaço sideral
A figura do músico brasileiro que conhecemos pode ter sido manipulada a partir de processos de holografia cósmica. Para aparentar um estilo humano, Raul teve corpo e cérebro implantados por ETs.
A ilustração desta postagem é uma reprodução de imagem desenvolvida pela empresa Corbe Toys para a action figure de Raul Seixas, uma homenagem que visa eternizar com um boneco estiloso o roqueiro brasileiro, transfigurado à condição de morto em agosto de 1989. O problema é que o Maluco Beleza não morreu, pois sequer poderia ser considerado humano, conforme parâmetros tradicionais da nossa espécie.
Tem-se notícia (plantada?) de que Raul Santos Seixas teria nascido em Salvador (BA) no ano de 1948. A partir disso, todo um histórico terreno foi bolado para justificar sua existência: um bairro, uma casa, pai, mãe, irmão, escola e uma infinidade de coisas que ele vivera como pessoa normal - ao longo da vida e até a sua suposta morte. Como tudo o que envolve a criatura em questão, há controvérsias.
Na linha do tempo sideral, seres de formas indefinidas resolveram realizar um “experimento humano”. Por mero acaso, uma incursão pela Via-Láctea resultou em passagem rápida pela Terra, inspirando o ser HapDepTrak743 a brincar com formas registradas em equipamentos da sua nave. A narrativa sobre a resultante desse processo é invenção terráquea, inclusive o nome atribuído à figura projetada.
Com corpo e cérebro implantados por moradores de outra galáxia, o pequeno “Raul” foi se afastando cada vez mais do que seria considerado comum para garotos da sua idade. Seu comportamento, durante sua passagem terrena, foi marcado por descompasso com a realidade aqui vivida. Ele não se enquadrava e não aceitava os ditamos em casa, na escola, no trabalho e nas “relações humanas” - essa excrescência a ele apresentada por todos os que viviam ao seu redor.
Criado a partir de holografia cósmica, o ser projetado perambulou por inúmeros lugares e teve imensa dificuldade para viver uma vida como os mortais. Tomado pelo tédio - mania humana copiada como falha em seu desenvolvimento -, ele passou a se dedicar compulsivamente a ouvir os sons deste planeta árido e inútil. E a música virou seu vício, sua comida, sua bebida e seu prazer. Qualquer som. Qualquer nota. Virou músico, poeta, louco, contestador, escritor, leitor. Perdeu as estribeiras siderais e danou-se a inventar coisas e a repetir mensagens que ninguém entendia. Fez amizades estranhas, uma delas com outro ser do além - o hoje escritor galáctico Paulo Coelho - com quem subverteu a poesia, se estranhou no período sombrio da ditadura militar brasileira e produziu clássicos ouvidos por quase todos os habitantes destas terras.
Entre perdas de consciência e voltas, ouvia vozes, compunha as mais loucas histórias, mas algo marcava seus compassos musicais: a persistente presença do universo ET em quase tudo o que lhe saía da cabeça. Tinha, de fato, esse defeito de fabricação. Não se aceitava terráqueo, mas não se sentia plenamente de outro universo. Essa contradição o acompanhou durante o curto período de “existência terrena” e nunca seria resolvida.
Mesmo os estudiosos, cineastas, biógrafos, contemporâneos, parceiros e parceiros entenderam o que se passava com aquela mente acelerada. A propósito, vale ressaltar que o que foi dito e escrito sobre a figura de Raul Seixas é tudo verdade. Recomenda-se a leitura da biografia Não me diga que a canção está perdida, do jornalista Jotabê Medeiros. Muito bem escrita e construída nos parâmetros reais da sua figura local. O que faltou - e faltará - a qualquer trabalho a respeito dele é justamente essa dimensão não registrada do seu surgimento e da sua existência. Pode ser filme, podcast, comentário, série de TV, releitura musical, tudo, qualquer coisa. Nada conseguirá abarcar algo que simplesmente veio e voltar ao lugar de origem - o espaço.
Como explicar, por exemplo, as canções, a contestação, o ser libertário, o anarquista, o vendedor de ilusões ao lado do destruidor de sonhos, sua veia debochada e seus modos de ver e espantar pessoas ao seu redor? Ou a sua sina de propor caminhos alternativos, viagens espaciais, encontros com criaturas do outro mundo e a completa subversão de valores monetários e sociais?
Um ser sem religião, mas profundamente ligado ao espiritualismo. Um homem com tudo para dar certo, mas o certo era sempre buscar o erros e colocá-los em prática. A perda de noção do tempo. Aliás, ele sequer era do seu tempo. Sua obra e seus trejeitos provam isso. E comprovam que não tinha compromisso com nada por aqui. Apenas queria pegar um disco voador e sair por aí.
No fim, Raul Seixas teve seu desejo realizado. Foi transportado do jeito que chegou ao espaço de um planeta frio, gelado e sem graça. Ganhou um terreno no espaço sideral. Sua casa, seu corpo e sua mente. Por excelência. E ninguém nunca saberá sua verdadeira origem porque ele soube muito bem escondê-la sob a pele do Maluco Beleza. Do Raulzito. De Raul Seixas, o baiano psicosideral.
PS - Não se tratou aqui de nenhuma música dele em especial porque seu agente sideral GitaXPTO não autorizou.
Fim de papo.