Após o sucesso da entrevista com o pesquisador, escritor e professor Moacir Assunção (episódio 12 do podcast - ouça), pensei em trazer aqui um cordel muito conhecido que trata do cangaço e, claro, da figura mais conhecida daquele tempo - o Lampião. Eis que me lembrei do clássico A Chegada de Lampião no Inferno, escrito por um sujeito muito engenhoso e engraçado em suas tiradas cordelísticas chamado José Pacheco da Rocha. Ele nasceu em Alagoas ou em Pernambuco (há controvérsias) no final do século XIX e morreu em 1954.
Reprodução da capa do cordel de José Pacheco/Editora Luzeiro/SP
A Chegada de Lampião no Inferno é uma obra que retrata o mais famoso cangaceiro nordestino em sua aventura após a morte, na tentativa de se estabelecer justamente no inferno, dominado por Lúcifer e sua turma. Com inimitável estilo, Pacheco descreveu a confusão causada durante a passagem do “Rei do Cangaço” pelos territórios ditos satânicos. Mistura de situações terrenas a absurdas, abusando da linguagem um tanto permeada por expressões racistas, ao se referir aos diabos como “negros” no texto.
José Pacheco é considerado um grande autor desse estilo poético nordestino pela sua vasta produção e pela forma como bolava suas histórias. Como muitos dos cordelistas, ele meio que criava, intuitivamente, “roteiros”- que redundaram em filmes, peças de teatro e músicas, ao longo do tempo, quando eram descobertos por outros artistas.
A literatura de cordel é mais que uma forma de expressão regional do Nordeste brasileiro: é um patrimônio da nossa cultura. E esse pequeno tributo se concentra nisso. Espero que gostem, comentem e compartilhem!
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